ALBERTO (Bem-aventurado), nascido na diocese de Parma, ingressou cedo na vida religiosa no mosteiro de Santa Cruz de Mortaria, ocupado por cônegos regulares. Ele foi eleito prior desta casa e superior geral da congregação que ela liderava (1180). Quatro anos depois, foi nomeado bispo de Bobbio, de onde foi chamado para governar a Igreja de Vercelli. Sua prudência e virtudes lhe renderam a estima geral, a ponto de ser escolhido como árbitro na disputa entre o papa Clemente III (1187-1191) e o imperador Henrique VI (1190-1197).
Em 1206, os latinos que habitavam a Palestina o elegeram patriarca de Jerusalém. Inocêncio III, então chefe da Igreja romana, sem dúvida apoiou essa escolha. O pontífice se empenhava ao máximo para libertar os Lugares Santos, que desde 1187 estavam sob domínio muçulmano. O novo patriarca não pôde entrar na cidade santa. Como seu predecessor, estabeleceu-se em São João de Acre, onde exerceu funções de legado da Santa Sé. Inocêncio III o convidou a Roma para participar do quarto concílio de Latrão, mas a morte o impediu de cumprir essa ordem. Ele foi assassinado durante as cerimônias da adoração da cruz por um homem de má conduta, exasperado por suas repreensões (1214).
O ato que mais contribuiu para popularizar sua memória passou despercebido pela maioria de seus contemporâneos. Os eremitas latinos, reunidos no monte Carmelo pelo bem-aventurado Bertoldo, continuavam a levar ali uma vida santa sob seus sucessores. Seu número não havia aumentado significativamente e eles não tinham uma regra escrita. O patriarca Alberto dedicou-se a escrever uma para eles. Ela foi redigida como uma carta endereçada ao prior Brocardo e a seus monges; contém dezesseis artigos e trata brevemente da organização do mosteiro e da observância religiosa. Esta é a regra primitiva dos carmelitas, aprovada por Honório III (1226) e Gregório IX (1230). Os eremitas a levaram para o Ocidente, onde ela se difundiu junto com sua ordem e passou por várias modificações ao longo dos séculos. O bem-aventurado Alberto, que não pertencia à ordem do Carmelo, é justamente honrado como seu legislador. Os carmelitas são os únicos que celebram sua festa (8 de abril). Ver o artigo CARMELITAS
O estudo dedicado a ele pelo Pe. Papebroch, nos Acta sanctorum, provocou a ira dos carmelitas franceses e belgas, já irritados pelas reservas que Henschenius e ele haviam feito sobre as origens de sua ordem. Isso deu origem a uma polêmica violenta, que Inocêncio XII encerrou com seu breve de 20 de novembro de 1698, proibindo, sob pena de excomunhão, futuras discussões sobre as origens do Carmelo.
Papebroch, De beato Alberto. Acta sanctorum, abril, t. 1, p. 764-799, ed. Palmé, 1866; Hélyot, Histoire des ordres religieux et militaires, t. 1, p. 282-307, ed. 1792.
J. Besse.