Alberto, Arcebispo de Mainz



ALBERTO, arcebispo de Mainz, filho do eleitor João IV de Brandemburgo e irmão do eleitor Joaquim I, nasceu em 28 de junho de 1490, tornou-se muito jovem cônego de Mainz e de Trier, e foi nomeado, em 1513, arcebispo de Magdeburgo e administrador de Halberstadt; em 1514, arcebispo de Mainz, primaz da Germânia e eleitor do Sacro Império, e, finalmente, em 1518, cardeal da santa Igreja romana. Em razão de sua alta posição, foi envolvido nas lutas doutrinárias das quais surgiu a heresia protestante. Ele havia recebido do papa Leão X a missão de publicar na Alemanha a indulgência para a construção da basílica de São Pedro e escolheu o dominicano Tetzel como pregador dessa indulgência nas cidades alemãs. As pregações de Tetzel provocaram, como se sabe, as 95 teses contra as indulgências que Lutero afixou nas portas da igreja de Wittenberg na véspera de Todos os Santos, em 1517. O monge agostiniano enviou ao arcebispo de Mainz uma cópia de suas teses, acompanhando-a de uma carta da qual o historiador Audin cita trechos e a descreve assim: “Ela é humilde, submissa e devota.” (Histoire de Luther, Paris, 1839, t. 1, p. 162). Alberto de Mainz não respondeu. Tudo leva a crer que o orgulho do monge revoltado não perdoou o arcebispo por este silêncio desdenhoso.

Em 1521, Alberto pronunciou uma sentença de interdito contra um padre casado da cidade de Halle. Lutero, então recluso no castelo de Wartburg, aproveitou o fato para enviar ao prelado uma carta insolente, na qual o chama de “papista” e o intima a abolir “práticas idólatras.” Ele acrescenta que, caso não seja atendido, publicará um panfleto intitulado O Ídolo de Halle (Audin, op. cit., t. 1, p. 417). O arcebispo respondeu com uma carta cheia de mansidão, mas que não satisfez o herege. O panfleto anunciado contra o Ídolo de Halle foi publicado: “É,” diz Audin, “um amontoado de insultos e ofensas baixas contra o arcebispo.” (Op. cit., t. 1, p. 418). Quatro anos depois, em 1526, Lutero, então casado, escreveu uma terceira carta ao arcebispo de Mainz. Ele ousou propor ao prelado que também tomasse uma esposa, para dar ao mundo um exemplo que não poderia deixar de ser eficaz (Cochleus, De actis et scriptis Martini Lutheri, Paris, 1565, p. 121-123). Alberto de Mainz novamente respondeu apenas com desprezo, e Lutero, em cartas a amigos, deixou-se levar, mais uma vez, a injúrias tão grosseiras contra o prelado que o historiador francês mal ousa traduzi-las (Audin, op. cit., t. II, p. 260).

Alberto de Mainz mereceu os elogios de seus contemporâneos, inclusive de protestantes, por seu espírito cultivado, caráter benevolente e grande generosidade. Ele protegeu as artes, as letras e as ciências, com interesse especial pelas artes religiosas relacionadas à construção e decoração das igrejas. Fundou, junto com seu irmão Joaquim de Brandemburgo, a Universidade de Frankfurt-sur-l'Oder, em 1506. Ele também empreendeu a fundação de uma universidade em Halle, e obteve, em 1531, privilégios do papa Clemente VII para este fim; mas as lutas religiosas que então rasgavam a Alemanha impediram a conclusão do projeto. Acrescenta-se que foi Alberto de Mainz quem primeiro acolheu na Alemanha os discípulos de Santo Inácio, que se tornariam terríveis adversários da heresia. Ele faleceu em Mainz, em 24 de setembro de 1545.

Cochleus, Historia de actis et scriptis Martini Lutheri, Paris, 1565; Maimbourg, Histoire du luthéranisme, Paris, 1686; Audin, Histoire de Martin Luther, 2 vols., Paris, 1839; Gallia christiana, Ecclesia Moguntinensis, Paris, 1731, t. V, p. 516; Moréri, Dictionnaire historique, Paris, 1759, t. 1, p. 268; Michaud, Biographie universelle, 2ª ed., Paris, ed. Vivés, s.d., t. I, p. 332.

A. Beugnet.