Aimeric



AIMERIC, apelidado de DE MALEFAYE, nasceu no Limousin. Erroneamente, é considerado irmão de São Bertoldo, que era de origem calabresa. Ele foi ao Oriente, onde Raoul, segundo patriarca latino de Antioquia, o nomeou deão de sua igreja catedral. Em 1142, sucedeu-lhe no trono patriarcal. Foi ele quem, após a morte de Raimundo, príncipe de Antioquia, contribuiu mais para defender a cidade contra os ataques do sultão de Alepo.

A excomunhão de Boemundo III, príncipe de Antioquia, que havia repudiado sua esposa legítima para casar-se com Teodora Comnena, e o interdito lançado sobre seus estados, provocaram contra o patriarca uma perseguição, durante a qual teve que buscar refúgio em Jerusalém. Durante sua estadia lá, teve oportunidade de conhecer São Bertoldo, que desejava levar uma vida eremítica com alguns companheiros no Monte Carmelo. Ele aprovou o projeto e ajudou com os meios que estavam ao seu alcance. O interesse que dedicou aos primeiros religiosos latinos do Carmelo serviu de pretexto para um carmelita francês ou valão de uma época posterior, Jean Neveu Dubois, atribuir-lhe a tradução do livro De institutione primorum monachorum in lege veteri exortorum et in nova perseverantium, que ele alegava ser obra do patriarca João de Jerusalém e cujo verdadeiro autor era ele próprio.

O papa Eugênio III pediu a Aimeric que fizesse traduzir do grego o que faltava nos exemplares latinos das homilias de São João Crisóstomo sobre São Mateus, mas ele não conseguiu realizar a tarefa. O ato mais importante de seu episcopado foi a conversão dos maronitas, que abjuraram o monotelismo, professaram a fé católica em suas mãos e receberam dele um novo patriarca.

Temos três cartas de Aimeric: uma dirigida a Luís, o Jovem, rei da França (1164), outra a Henrique I, rei da Inglaterra (1187), nas quais expõe as dificuldades dos cristãos do Oriente e implora por sua ajuda, e a terceira, a Hugo Etésio, para felicitá-lo por seu livro contra os erros dos gregos sobre a procissão do Espírito Santo. Aimeric faleceu em 1187.

Fontes: P.L., t. CCL, col. 1403-1408; t. CCII, col. 229-230; Guilherme de Tiro, l. XV, XVI, XVII; Histoire littéraire de la France, ed. Palmé, t. XIV, p. 383-395; dom Ceillier, Hist. gén. des auteurs sacrés, ed. Vivés, Paris, 1863, t. XIV, p. 793.

J. BESSE.