AGYNNIENS, AGYONOIS, AGIONOIS ou AGIONITES, do grego άγυναίος, άγυνος (a-gyny, sem mulher), é um termo geral pelo qual se designam às vezes os hereges que, sob diferentes nomes — encratitas no século II, abstinentes ou maniqueus no III, eustatianos no IV, paulicianos a partir do VI, para citar apenas o Oriente — compartilhavam o erro comum de que, sendo toda carne obra do princípio maligno, não era permitido ter filhos nem comer carne de animais. Rejeitavam, portanto, como crimes o casamento, ou melhor, a geração, e o consumo de carne. Esta doutrina foi condenada, no final do século IV, pelo Concílio de Gangra, cânones 1, 2, 9, 10 e 14 (Mansi, Coll. concil., t. II, Florença, 1749, col. 1001 e seguintes); cf. Hefele, Hist. des conciles, tradução Leclercq, 1908, t. I, p. 1032 e seguintes; e, novamente, implicitamente censurada pelo sínodo Quinisexto de 692 (Hefele, op. cit., 1909, t. III, p. 567).
Foi especialmente no século VII, sob os sucessores de Heráclio, que esses erros, propagados pela seita pauliciana, se espalharam da Armênia para o restante do império oriental. Por ordem do imperador Constantino Pogonato, o chefe desta seita, Constantino Silvano, foi decapitado em 684 ou 685, mas seu martírio não pôs fim à heresia, que reapareceu sob os imperadores do século VIII e IX, até se manifestar no Ocidente sob os nomes de patarinos, valdenses ou albigenses. No final do século IX, Fócio compôs um tratado em quatro livros contra os “novos maniqueus” (P. G., t. CII, col. 15-264); e, aproximadamente na mesma época, Pedro da Sicília escreveu a história dos maniqueus e dos paulicianos, além de três discursos contra seus erros (P. G., t. CV, col. 1239-1304, 1305-1350).
E. Marin.