Agapetas (queridas), termo popular, aplicado com zombaria às virgens consagradas a Deus que, vivendo no mundo, hospedavam em suas casas homens que haviam feito voto de castidade. Criava-se assim um suposto vínculo de fraternidade que os envolvidos legitimavam com um texto de São Paulo, 1 Coríntios 9:5, mas que o bom senso dos fiéis reprovava com ainda mais veemência, pois esse tipo de coabitação frequentemente resultava em escândalos. "Como entrou na Igreja a praga das agapetas?" pergunta São Jerônimo. Originalmente, é provável que as virgens cristãs, por não viverem em comunidade, precisassem de leigos para administrar seus bens e defender seus interesses, e elas preferiam homens piedosos, comprometidos como elas com a continência. Com o tempo, ocorreram graves abusos, tanto na África, como demonstra uma carta de São Cipriano (Epist., IV, ed. Hartel, Viena, 1868), quanto no Oriente. O Concílio de Ancira, em 314 (cân. 19), foi obrigado a proibir que as virgens consagradas a Deus coabitassem com homens, mesmo sob o pretexto de serem "irmãos". No entanto, não conseguiu extirpar o problema, pois São Jerônimo criticava os monges sírios e egípcios que viviam nas cidades com as virgens cristãs (Epist., XXII, ad Eustochium, P. L., t. XXII, col. 402), e São João Crisóstomo sentiu necessidade de compor o De non cohabitando cum virginibus. P. G., t. XLVIII.
As agapetas às vezes foram confundidas com as subintroductae, ou συνεῖσακτοι, mulheres que conviviam com clérigos não comprometidos com o matrimônio, sobre as quais o Concílio de Niceia legislou em 325. Mesmo em textos antigos, ocasionalmente um termo era usado no lugar do outro. A semelhança das situações facilitava essa confusão de termos. No entanto, as agapetas, propriamente falando, não coabitavam com clérigos, mas com leigos.
Cf. Bingham, Origines ecclesiasticae, l. VI, c. II, § 13; Binterim, Denkwürdigkeiten, t. III, b, p. 513.
H. HEMMER.