AEPINUS Jean, cujo verdadeiro nome era Heck ou Hoch, foi um reformador de segundo escalão que desempenhou certo papel em algumas das principais controvérsias do século XVI, assim como organizador da Igreja luterana de Hamburgo. Ele nasceu em 1499, em Brandemburgo, e estudou em Wittenberg. Adotou as ideias de Lutero e trabalhou para espalhá-las em Brandemburgo. Foi preso. Após sua libertação, foi para a Inglaterra e depois para Stralsund. Finalmente, fixou-se em Hamburgo, onde se tornou pastor e morreu em 1553.
Como teólogo, Aepinus defendeu, em um ponto, uma doutrina particular que ele expôs, em 1544, em um tratado sobre o Salmo XVI. Segundo ele, Jesus Cristo, em sua descida ao inferno, havia atingido o grau mais extremo de humilhação; ele teria, no inferno, suportado tormentos, pois o objetivo dessa descida ao inferno era a expiação das penas infernais. Essa doutrina gerou violentas contradições; a ordem foi perturbada e o magistrado teve que intervir. Consultou-se Melanchthon: este se recusou a se pronunciar sobre o conteúdo da questão, mas achou que se deveria impor silêncio a ambos os lados; tais controvérsias, dizia ele, só poderiam perturbar os fiéis. Os adversários de Aepinus, contudo, não se renderam; vários deles foram banidos. Quatro anos após a morte de Aepinus, sua teoria foi retomada por Draconites, superintendente de Rostock, que por isso, e por outros motivos, foi destituído e obrigado a deixar a cidade.
Em 1548, quando os "interins" de Augsburgo e de Leipzig deram origem à controvérsia adiaforista (ver esse termo), Aepinus se alinhou, com Flacius Illyricus, entre os mais ferozes adversários das concessões feitas por Melanchthon às práticas católicas. No entanto, no ano seguinte (1549), ele concordou com Melanchthon, assim como Flacius, Joachim Westphal e Joachim Mörlin, para combater energicamente a doutrina de Osiander sobre a justificação. Dois anos antes de sua morte, Aepinus completou a obra que havia realizado em Hamburgo como pregador, organizando a igreja e o culto por meio de sua ordenança eclesiástica (Kirchen-Ordnung) de 1551.
A. BAUDRILLART.