Adon, Santo



Adon nasceu no início do século IX no Gâtinais, na diocese de Sens. Oferecido ainda jovem por seus pais à abadia de Ferrières, fez profissão da vida monástica. Mais tarde, o abade Mercuário de Prüm o solicitou a Lupo de Ferrières. De Prüm, onde teve que suportar algumas perseguições, Adon foi para a Itália e permaneceu cinco anos em Roma. Ao retornar à França, após uma estadia em Lyon, onde o arcebispo São Remígio lhe confiara a igreja de São Romão, ele se tornou arcebispo de Vienne, no Dauphiné, por volta do mês de setembro de 860. Ele presidiu vários concílios em Vienne para o restabelecimento da disciplina do clero e a regulamentação do ofício divino. Contudo, dos atos desses diversos concílios, só nos resta um fragmento do realizado em 870. Ele também teve um papel de destaque em outros concílios e se destacou especialmente na questão do divórcio do rei devasso Lotário com Teutberga. Ele se opôs firmemente a esse divórcio e manteve correspondência sobre o assunto com os papas Nicolau I e Adriano II, que ambos, assim como os imperadores Carlos, o Calvo, e Luís, o Germânico, tinham-no em particular estima. Ele morreu em 16 de dezembro de 875, e não em 874, como afirmam alguns autores. Na Igreja de Vienne, sua festa é celebrada no dia de sua morte.

Escritos.

Adon escreveu uma crônica universal em latim, desde Adão: Chronicon sive Breviarium chronicorum de sex mundi aetatibus ab Adamo usque ad a. 869, onde ele pouco faz além de completar e modificar a obra do venerável Beda. Ele se empenhou em mostrar como as figuras do Antigo Testamento foram tipos de Cristo. Revisou a Paixão de São Desidério, bispo de Vienne, morto como adversário de Brunilda, e compôs a vida de São Teudério, que fundou, no século VI, um mosteiro perto de Vienne. Mas o que nos interessa especialmente é o seu Martirológio, que ele concluiu por volta de 858, quando ainda servia na igreja de São Romão. É certo que ele conhecia a obra análoga do venerável Beda, desenvolvida pelo diácono Florus, já que Usuardo, que, alguns anos depois, viria a resumir o martirológio de Adon, o conhecia como “comentário de Florus”. Mas Adon ignorava o trabalho de Rábano Mauro. Sua obra foi empreendida para desenvolver a de Florus. Ela foi modelada a partir do Pequeno Martirológio Romano, que ele havia transcrito em Ravena por volta de 850 e que colocou no início de sua obra. Cf. contudo sobre essa opinião de Rossi, Roma sot., t. II, p. XXVII-XXXI; de Smedt, Introduct. gén., p. 134-137; Beeumer, Geschichte des Breviar., p. 469, n. 6. Ela é mais uma coleção de pequenas vidas de santos do que um martirológio propriamente dito. Na verdade, ela se assemelharia mais ao Ménologe dos gregos. Ver dom Quentin, Les martyrologes historiques, Paris, 1908, p. 466-681. Os trabalhos de Adon foram inseridos em P. L., t. CXXIII, col. 9-449.

Ref.: Mabillon, Elogium historicum, em Acta sanctorum ordinis S. Benedicti, Paris, 1680, t. IV, p. 262-275; Ceillier, Histoire générale des auteurs sacrés, Paris, 1862, t. XII, p. 619-622; Ziegelbauer, Histor. rei literarie O. S. Benedicti, Augsbourg, 1754, t. III, p. 86-88; Ebert, Histoire générale de la littérature du moyen âge, trad. Aymeric, Paris, 1884, t. II, p. 420-423; Diction. d’archéologie chrétienne, t. I, col. 585-539.

R. Biron.