Adjuração



Em um sentido vulgar e muito amplo, essa palavra se refere a qualquer apelo que se faz a uma autoridade moral superior (Deus, os santos, a pátria, etc.), para comover, por sentimento de medo ou de reverência, aquele a quem se fala, e levá-lo mais eficazmente à decisão que se deseja. Adjurar, portanto, é, em outras palavras, adicionar ao peso de sua própria palavra a influência moral, mais poderosa, de uma invocação à qual se recorre como a um recurso supremo, e que se supõe capaz de produzir a impressão desejada sobre a inteligência e a vontade hesitantes do ouvinte.

Assim definida em sua acepção mais ampla, a adjuração nem sempre é um ato propriamente dito da virtude de "religião", pois pode envolver considerações cujo objeto formal não é Deus de modo algum: o amor paterno, o patriotismo, a honra, etc.

Assim, os moralistas, em seus comentários sobre o segundo preceito do Decálogo, consideram a adjuração como um "ato de religião" apenas no sentido mais restrito de uma invocação em que Deus se encontra, seja direta, seja indiretamente, envolvido: diretamente, quando Ele é pessoalmente invocado; indiretamente, se a adjuração apela às criaturas (pessoas ou coisas santas) na medida em que elas têm uma relação especial com Deus, e servem, assim, para fazer com que, na realidade, a autoridade da adjuração retorne a Ele.

Há entre a "adjuração" e o "juramento" uma estreita afinidade, que não impede, no entanto, que sejam coisas bastante diferentes. O juramento é um ato de culto mais caracterizado e, se assim se pode dizer, mais intenso, na medida em que envolve Deus de maneira mais imediata e de forma mais absoluta, como testemunha da verdade, enquanto a adjuração se limita a propor, por meio de uma sugestão moral, a evocação de sua infinita dignidade ou poder, como um meio indireto de persuasão, cujo efeito permanece "condicionado", sendo sempre subordinado às disposições subjetivas daquele a quem se dirige. A adjuração pode ser deprecatória ou imperativa. Aquele que adjura, de fato, ora "suplicando", ora "ordenando", conforme a atitude que lhe impõe a condição, superior ou inferior, da pessoa adjurada.

O homem, portanto, não pode empregar a forma de adjuração imperativa em relação a Deus (ou aos bons anjos), nem a forma deprecatória em relação aos demônios, que ele nunca deve "rezar", não tendo nada de bom a esperar deles, aos quais até mesmo Deus lhe deu o poder de comandar. (Marcos, XVI, 17; Lucas, X, 19. Cf. Perrone, loc. cit. infra, n. 339).

Pelos termos de sua definição, resulta que a adjuração só pode ser dirigida a seres racionais, os únicos suscetíveis de sofrer a influência moral da invocação que ela expressa. (S. Tomás, Sum. theol., II-II, q. XC, a. 3).

Adjurar criaturas desprovidas de inteligência seria um contrassenso, exceto no caso, entretanto, em que a adjuração visasse indiretamente as potências de ordem superior das quais pode depender sua ação útil ou nociva para nós.

Rigorosamente falando, Deus não pode ser adjurado, pois é impossível fazer apelo a nenhuma perfeição de ser ou poder superior ao seu. Uma espécie de analogia, muito legítima, permite, contudo, que Ele seja adjurado "por si mesmo", por sua essência e seus atributos, por seu Filho, etc., de onde vêm as fórmulas de adjuração deprecatória que encerram nossas orações litúrgicas: Per Dominum nostrum Jesum Christum..., e, nas ladainhas, as bem conhecidas invocações a Jesus Cristo: Per nativitatem tuam... Per crucem et passionem tuam, etc., libera nos, Domine.

A adjuração é privada ou solene, conforme seja feita a título individual por um particular, ou diante da Igreja por um ministro especialmente investido do poder de formulá-la em seu nome. O caso mais interessante de adjuração em forma solene é o que se refere à adjuração dos demônios nos exorcismos.

Assim como o juramento, a adjuração, para estar isenta de pecado (grave ou leve, conforme os casos), deve reunir as três condições teológicas bem conhecidas: veritas, justitia, judicium; verdade, bondade moral, discrição. De onde os moralistas concluem que há pecado: na adjuração que não faz apelo ao verdadeiro Deus, ou que é formulada em apoio a uma mentira, a uma falsidade; na adjuração que tem por objetivo levar o adjurado a uma obra (ação ou omissão) moralmente proibida; na adjuração empregada levianamente, sem causa nem razão verdadeiramente séria. Não dizemos nada aqui sobre tudo o que concerne especialmente à adjuração dos demônios; essa matéria será desenvolvida sob o verbete EXORCISMO.

Ref.: S. Tomás, Sum. theol., II-II, q. XC; Gregório de Valência, Commentar. in II-II, disp. VI, q. VIII, Lyon, 1609, t. III, col. 1407; Suárez, De virtute religionis, tract. IV, lib. IV, Mayence, 1609, t. II, p. 458; S. Afonso de Ligório, Theol. moral., lib. III, n. 193, Append., Turim, 1847, t. I, p. 345; Berardi, Examen confessarii et parochi, Faenza, 1895, t. II, p. 261; Ballerini, Opus theol. moral., tr. II, sect. I, c. II, dub. VII, Prato, 1890, t. II, p. 442; Lehmkuhl, Theol. moral., n. 425, 8ª ed., Friburgo, 1896, t. I, p. 262; Aertnys, Theol. moral., lib. III, n. 80, 4ª ed., Tournai, 1896, t. I, p. 192; Haine, Theol. mor. elem. ex S. Thom., De praecept. Decal., q. LXII, 3ª ed., Louvain, 1894, t. I, p. 385. Para exemplos de adjuração contidos na Bíblia, ver sob o verbete Adjuro no Concordantium thesaurus de Peultier, Paris, 1897, p. 93.

F. Deshayes