Devemos principalmente destacar sua obra em latim intitulada "Enarrationes de ægrotis et morbis in Evangelio", que teve duas ou três edições, Toulouse, 1620, 1621. A obra está dividida em três partes. A primeira trata dos diversos doentes mencionados no Evangelho; doze casos são especialmente destacados. O autor investiga a origem desses doentes, sua idade, temperamento, modo de vida, a natureza exata de suas enfermidades; e esforça-se para demonstrar que essas enfermidades eram incuráveis pela medicina. Diante disso, ele conclui em poucas palavras que elas foram curadas pelo poder milagroso de Jesus Cristo.
A segunda parte subdivide-se em duas seções que é bastante surpreendente encontrar assim justapostas: um resumo dos conhecimentos médicos úteis para discernir as doenças em geral, anatomia do corpo humano, fisiologia, etc.; um resumo da topografia da Síria e da Palestina. Finalmente, a terceira parte é um tratado puramente teórico sobre as doze diferentes doenças mencionadas na primeira parte. Esta primeira parte, como se vê, é a única que tem alguma relação com a apologética. Contudo, é preciso admitir que esta relação se reduz a muito pouco, apesar da pomposa promessa inserida no título da obra: "opus in... amplitudinem Ecclesiæ elaboratum."
No geral, é uma obra bastante medíocre em termos de conteúdo e forma, onde nem o médico, nem o teólogo, nem o apologista, nem o exegeta têm algo sério a colher. Na melhor das hipóteses, poderia-se extrair algumas citações dos Santos Padres relativas à biografia e ao estado patológico dos doentes curados por Nosso Senhor.
No final da obra está inserido um discurso, uma leitura que Ader fez em Toulouse em 1617, antes de publicar seu livro, e que é um verdadeiro modelo de empáfia e de paralelo, do ponto de vista médico, entre Hipócrates, Paracelso e Jesus Cristo, ou entre as medicinas científica, diabólica e divina.
Foi sugerido que Ader publicou este livro "De ægrotis" para apagar o escândalo causado por outra obra na qual ele teria negado o poder milagroso de Cristo. Mas parece que esta produção escandalosa nunca foi impressa. Cf. "Mélanges d’histoire et de littérature", por Bonaventure d’Argonne, cartuxo, 1725.
GUILLERMIN.