Ader, Guilherme


Provavelmente nascido em Gimont (Gers), foi médico e poeta. Ele desfrutou de certa celebridade em Languedoc e na Gasconha no início do século XVII, talvez mais por suas poesias em língua gasconha do que por suas obras científicas.

Devemos principalmente destacar sua obra em latim intitulada "Enarrationes de ægrotis et morbis in Evangelio", que teve duas ou três edições, Toulouse, 1620, 1621. A obra está dividida em três partes. A primeira trata dos diversos doentes mencionados no Evangelho; doze casos são especialmente destacados. O autor investiga a origem desses doentes, sua idade, temperamento, modo de vida, a natureza exata de suas enfermidades; e esforça-se para demonstrar que essas enfermidades eram incuráveis pela medicina. Diante disso, ele conclui em poucas palavras que elas foram curadas pelo poder milagroso de Jesus Cristo.

A segunda parte subdivide-se em duas seções que é bastante surpreendente encontrar assim justapostas: um resumo dos conhecimentos médicos úteis para discernir as doenças em geral, anatomia do corpo humano, fisiologia, etc.; um resumo da topografia da Síria e da Palestina. Finalmente, a terceira parte é um tratado puramente teórico sobre as doze diferentes doenças mencionadas na primeira parte. Esta primeira parte, como se vê, é a única que tem alguma relação com a apologética. Contudo, é preciso admitir que esta relação se reduz a muito pouco, apesar da pomposa promessa inserida no título da obra: "opus in... amplitudinem Ecclesiæ elaboratum."

No geral, é uma obra bastante medíocre em termos de conteúdo e forma, onde nem o médico, nem o teólogo, nem o apologista, nem o exegeta têm algo sério a colher. Na melhor das hipóteses, poderia-se extrair algumas citações dos Santos Padres relativas à biografia e ao estado patológico dos doentes curados por Nosso Senhor.

No final da obra está inserido um discurso, uma leitura que Ader fez em Toulouse em 1617, antes de publicar seu livro, e que é um verdadeiro modelo de empáfia e de paralelo, do ponto de vista médico, entre Hipócrates, Paracelso e Jesus Cristo, ou entre as medicinas científica, diabólica e divina.

Foi sugerido que Ader publicou este livro "De ægrotis" para apagar o escândalo causado por outra obra na qual ele teria negado o poder milagroso de Cristo. Mas parece que esta produção escandalosa nunca foi impressa. Cf. "Mélanges d’histoire et de littérature", por Bonaventure d’Argonne, cartuxo, 1725.

GUILLERMIN.