Na linguagem teológica e escolástica, adequado significa, em geral, tudo o que está em relação de conformidade perfeita, de igualdade (aequare) com uma coisa que é considerada como um todo, e como uma medida de perfeição. O que falta de alguma forma a essa conformidade é chamado de inadequado. Essas expressões se dizem particularmente:
1° De um objeto em relação a uma ciência, uma virtude, uma faculdade, um ato. Assim, chama-se objeto adequado de uma ciência aquilo que corresponde exatamente e completamente ao domínio dessa ciência, abrangendo ao mesmo tempo todas as coisas e apenas as coisas consideradas pela ciência (objeto material) e o aspecto ou caráter especial que ela considera (objeto formal). Assim, Deus e as criaturas consideradas em sua relação com Deus (sub ratione deitatis) constituem o objeto adequado da teologia. S. Tomás, Sum. theol., Iª, q. 1, a. 7. Somente Deus, à exclusão das criaturas, seria apenas um objeto inadequado. Diz-se, no mesmo sentido, que as verdades reveladas por Deus (objeto material), acreditadas por causa da autoridade de Deus que as revelou (objeto formal), são objeto adequado da fé. O objeto adequado de uma faculdade é tudo o que uma faculdade pode alcançar, considerada absolutamente e com seu máximo de capacidade: assim, a verdade em toda a sua universalidade é o objeto adequado da inteligência. O objeto inadequado é tudo o que não corresponde inteiramente a essa capacidade, seja porque não realiza totalmente a razão especial considerada pela faculdade em questão (assim, os bens particulares e finitos são apenas objetos inadequados da vontade, destinada a tender ao bem universal e perfeito); seja porque é relacionado a uma condição especial dessa faculdade: nesse sentido, os seres sensíveis são o objeto inadequado e proporcionado da inteligência humana, considerada em sua união com o corpo.
2° Um conhecimento é dito adequado em dois sentidos. É, ou bem, um conhecimento verdadeiro, segundo esta definição bem conhecida da verdade: "equação entre a inteligência e seu objeto"; ou, numa acepção especial da teologia, é um conhecimento absolutamente perfeito de uma coisa, que representa tudo o que é possível saber dela, esgotando de certa forma sua inteligibilidade. É o conhecimento chamado também de compreensivo, próprio do intelecto divino: Res comprehenditur, diz Santo Agostinho, cum ita videtur ut nihil eius lateat videntem. Epist., CXLVII, c. IX, P. L., t. XXXIII, col. 606.
3° Um todo é tomado adequadamente quando se considera segundo todas as suas partes, seja um todo atual ou um todo lógico (gênero e espécie). Assim, a predestinação adequada é a predestinação à graça e à glória; uma ou outra, considerada isoladamente, é apenas a predestinação tomada inadequadamente. Da mesma forma que o todo, a distinção que se faz de suas partes pode ser adequada, se for completa, de forma que uma das coisas distinguidas não é de modo algum parte da outra; é inadequada no caso oposto. A distinção das duas naturezas em Jesus Cristo é adequada; aquela que se faz entre Jesus Cristo e sua natureza humana somente, inadequada.
4° Finalmente, chama-se causa adequada ou total aquela que produz todo o efeito: assim, a graça e o livre arbítrio do homem são, tomados juntos, a causa adequada do ato salutar ou útil à salvação; o livre arbítrio é apenas uma causa inadequada.
P. MIELLE.