Adelmo, Santo



O lugar que ele ocupa na história literária da Inglaterra é importante. Ele foi o primeiro anglo-saxão a cultivar com sucesso a poesia latina, o primeiro cujos escritos foram preservados.

Adelmo, filho de um membro da família real de Wessex, nasceu por volta do meio do século VII. Estudou sob a tutela de Maildulf, um erudito irlandês estabelecido em um local que mais tarde seria chamado de Malmesbury, por seu nome. De Malmesbury, Adelmo foi para Cantuária, para estudar com Teodoro e Adriano, e aprender grego e até hebraico. De volta ao seu país, tornou-se monge em Malmesbury, depois foi a Cantuária aprimorar-se novamente na ciência, e, após a morte de Maildulf, foi feito o primeiro abade de Malmesbury. Mais tarde, em 705, foi escolhido como o primeiro bispo de Sherborn (agora Salisbury). Nessa época, de fato, o grande bispado de Wessex foi dividido em dois: Winchester e Sherborn. Adelmo foi bispo por apenas quatro anos, pois faleceu em 25 de maio de 709, em Dulling, no Somersetshire.

Escritos. — As obras de Adelmo, dispersas nas coleções de Canisius, Del Rio, Wharton e outros, foram reunidas e editadas com suas cartas pelo Dr. Giles, em Oxford, 1844, em 8°. Migne reproduziu essa edição completa no vol. LXXXIX de sua Patrologia Latina.

Como abade, Adelmo escreveu, a pedido de um sínodo de bispos, uma carta a Gerôncio, rei dos Bretões de Domnonia, sobre o ciclo pascal. Ferrarius transformou essa carta a XLIVª das que publicou sob o nome de São Bonifácio. Além da carta a Gerôncio, existem outras treze, escritas ou recebidas por Adelmo, de interesse limitado; algumas foram impressas com as de São Bonifácio; algumas outras foram preservadas por Guilherme de Malmesbury em sua vida de Adelmo. Dois tratados seguem essas cartas. O primeiro, De laudibus virginitatis, é escrito em versos e prosa, imitando Sédulo, como nos diz Beda, e a prosa é dedicada a Hildelida ou Hyldilicha, abadessa de Barking. Esta obra foi popular na Idade Média. Em trinta e cinco capítulos, Adelmo destaca os benefícios da virgindade sem, no entanto, censurar o casamento, e louva as virgens dos dois Testamentos. O segundo tratado é intitulado: Epistola ad Arcicium sive Liber de septenario et de metris, aenigmatibus ac pedum regulis. Del Rio foi o primeiro a publicar os enigmas, o cardeal Angelo Mai publicou a outra parte da obra, no vol. V dos Auctores classici. Entre as obras poéticas, mencionaremos apenas o tratado: De laudibus virginum, em hexâmetros, endereçado a Maximam, abadessa. As outras são poemas curtos e principalmente inscrições para altares e igrejas.

A vida de Santo Adelmo foi inicialmente escrita, diz-se, por São Edgwin e, depois dele, por São Osmondo e por Eadmer. Mabillon, Acta Sanct. O.S.B., saec. III, part. I, p. 220. Mas a biografia mais antiga existente é a de Faricius nas Acta Sanctorum, mai. t. IV, p. 84, e na edição do Dr. Giles. Outra vida de Santo Adelmo forma o quinto volume das Gesta pontificum de Guilherme de Malmesbury.

Bahr, Gesch. Rom. Liter., Karlsruhe, 1872, vol. IV, p. 168-175; Ebert, Gesch. Liter. Mittel., Leipzig, 1874, vol. 1, p. 585-595 (tradução para o francês, Paris, 1883, vol. 1, p. 655); Montalembert, Moines d'Occident, Paris, 1867, vol. V, p. 26-52; Ziegelbauer, Hist. lit. vben., Augsburg, 1754, vol. 2, 43-46; Ulysse Chevallier, Répertoire des sources historiques du moyen âge, Paris, 1877, p. 24.

R. BIRON.