Abelianos

Abelianos, Abeloítas ou Abelonianos.

Seita herética originária de um canto do bispado de Hipona, que possivelmente tem ligações com uma das numerosas ramificações da gnose maniqueísta. Conhecemos essa seita apenas por meio de São Agostinho (foto), em "De haeresibus", LXXXVII, P. L., t. XLII, col. 47, que fornece os seguintes detalhes sobre sua organização:

Os abelianos aceitavam o casamento e, longe de se absterem, até o consideravam obrigatório; porém, nesse estado, praticavam uma continência absoluta. Para compensar a falta de descendência, os cônjuges, por acordo mútuo, adotavam dois filhos: um menino e uma menina, que cresciam em seu lar, tornavam-se os sustentáculos de sua velhice e, após a morte, recebiam a posse de seus bens com a condição de se comportarem da mesma maneira. Parece que esses supostos imitadores de Abel conseguiram perpetuar-se dessa forma sem muita dificuldade, pois os pobres da vizinhança, alheios a práticas tão singulares, consentiam facilmente em ceder-lhes seus filhos, certos de vê-los estabelecidos com riqueza. Apesar de tantas boas intenções, a seita acabou por desaparecer, e na época em que São Agostinho escrevia seu "Tratado sobre as heresias", as poucas famílias de camponeses nativos que ainda a compunham haviam retornado ao seio da Igreja. O autor de "Praedestinatus", P. L., t. LIII, reproduziu quase textualmente o relato do bispo de Hipona, no capítulo LXXXVII. Não se compreendem bem as razões que levam G. W. Walch, em "Ketzergeschichte", t. 1, p. 608, a supor que esses hereges talvez nunca tenham existido. 

L. Guilloreau